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‘Ouça seu carro’: conheça os sinais e sintomas que seu veículo dá quando algo não funciona bem, incluindo até combustível adulterado

Publicado em 06/05/2023 por Marcellus Leitão

Ahhh… carro novo, coisa linda, brilhante, com todas as funções perfeitas. As peças novas, recém-saídas das fábricas, não permitem falhas. Afinal, a engenharia calculou bem cada função, aplicação e especificação, tudo no limite estreito do custo, da imagem da marca e da cara garantia, é claro. Assim, tudo deve funcionar a mil maravilhas. Afinal, o custo de um “zero”, se comparado a um usado, ou mesmo seminovo, está anormal.

Os carros usados desvalorizam com o desgaste natural de seus componentes e custo de manutenção. As peças que sofrem a ação do tempo, como partes móveis e outras afixadas na estrutura, começam a dar seus sinais com o uso e as quilometragens. Para contornar essa realidade e buscar o reparo certo, vale a pena perceber alguns ruídos e sinais que o seu veículo pode dar.

Atenção a peças importantes

Os primeiros componentes a mostrar sinais do tempo são as de atrito, como os freios, por exemplo. Expostos ao contato direto, e sem lubrificação, pastilhas, discos e lonas pedem revisões periódicas. Freios gastos costumam fazer um ruído estridente quando pedal é acionado com o carro em movimento. A perda de eficiência é séria e pode causar acidentes.

Outras peças sensíveis, e que trabalham também “a seco”, estão na suspensão. Expostas a buracos e valetas, buchas e bieletas sofrem. Fazem aquele barulho de “pancada seca”, ou de peça solta por baixo do carro. Como envolvem dirigibilidade e estabilidade, pedem muita atenção, e isso inclui, também, os pivôs de direção, que emitem avisos semelhantes.

Ali bem ao lado, nas rodas, “moram” os rolamentos, que depois de vencidos, emitem um ronco na rodagem constante do carro. Para evitar uma dúvida séria, que pode ser referente aos rolamentos da caixa de marcha, faça um teste: em um lugar plano e seguro, com o asfalto bem liso e sem outros carros por perto, pise na embreagem com o carro em movimento. Se o som de ronco continuar, os rolamentos das rodas estão prejudicados. Se o som parar, o problema está no rolamento da caixa de mudanças. Aí, prepare a carteira.

Não se assuste com os rolamentos do alternador e do compressor do ar condicionado. Quando dão problema, gerando também ronco, têm manutenção mais em conta.

Ruídos vindos da área do motor requerem cuidados

Ruídos anormais referentes ao funcionamento do motor podem apontar falhas no comando de válvulas. Semelhante à famosa batida de pinos, pode ser resolvido com uma regulagem, ou não. Nesse caso, é bom consultar um especialista. Já um ruído surdo e intenso de peça em rotação, vindo da base do motor, pode indicar retífica. A biela pode estar com seus casquilhos desgastados. Nesse caso, sinto informá-lo, mas é retífica na certa.

Outra parte que mostra defeito é o motor de arranque. Se ao tentar ligar o carro, ele se mostrar pesado e ruidoso, pode parar no eletricista. Se não for bateria, terá de reparar o motor de arranque.

E a famosa homocinética? Essa peça, que vai no conjunto dianteiro de tração do veículo, se quebrar, vai te deixar na mão, ou melhor, no guincho. Ela também dá sinais de que vai dar problema, o que possibilita se adiantar e levar o veículo a uma assistência técnica. Desse modo, preste atenção a alguns sinais, como estalos ao esterçar as rodas ao acelerar, ou se o carro acelera e desacelera ao se movimentar.

Da bomba de combustível à correia dentada: defeitos silenciosos que te deixam na mão

Há os defeitos discretos, aqueles que não dão sinais tão claros. Nesse caso, você deve prestar atenção aos prazos de troca desses componentes. A correia dentada, por exemplo, é uma peça básica. Ela não avisa o desgaste. Se romper em curso, você ouvirá uma batida sob o capô, como uma chicotada, e terá que desligar imediatamente o motor. Se não, dá retífica de cabeçote. E adianto, fica bem caro.

A bomba de combustível e o sistema de alimentação também são quietinhos. Se der defeito, o carro vai parar e só andará rebocado.

Agora, se identificar marcha lenta irregular, dificuldade na aceleração, motor instável e consumindo mais que o normal, pode ser problema no filtro de combustível. Essa peça importante, que filtra impurezas presentes no álcool, gasolina ou diesel, impede que partículas de sujeira cheguem ao sistema de injeção e prejudiquem a queima de combustíveis. E, se o filtro ficar sujo demais, o motor pode acabar trabalhando mais que o previsto, resultando em problemas de desempenho.

Além disso, por ser geralmente de material plástico, esse componente pode ressecar com o tempo, levando a rachaduras e vazamentos de combustível, o que pode causar acidentes. Saiba mais sobre a manutenção dos filtros.

Pulando para as ventoinhas, essas fazem um ruído discreto, de ventilador, quando dão defeito. Para controlar seu bom funcionamento, mantenha a atenção sempre no painel de temperatura do motor, porque, se não, o prejuízo será certo.

Combustível adulterado também dá sinais no veículo

Esteja certo de uma coisa: combustível de má qualidade vai gerar problemas sérios que lhe custarão bem caro. Os problemas são vários e incluem danos em peças vitais, como as velas de ignição, bomba de combustível, sonda lambda e, até mesmo, a boia do tanque, que passa a marcar errado. O gasto na oficina pode ser outra surpresa, chegando a mais de R$ 5.000,00, nos casos dos carros importados. Quer saber em detalhes como o motor sofre com um combustível de má qualidade? Assista ao vídeo abaixo:

https://www.youtube.com/watch?v=L-gu3GUPLso

Dependendo do tipo de adulteração do combustível, os sintomas podem ser desde alterações na performance do veículo, podendo apresentar perda de potência, engasgos, ou variações na marcha lenta, ao maior consumo. E uma das fraudes mais difíceis de perceber é a da bomba fraudada, quando o consumidor paga por uma quantidade de combustível e recebe menos no tanque. Vou dar uma dica quanto a isso: baixe a planilha que o Instituto Combustível Legal (ICL) preparou e acompanhe de perto o consumo do seu carro, de forma dinâmica.

E caso desconfie que foi vítima de golpe ao abastecer, não hesite em denunciar. Acesse a seção Denuncie aqui do site do ICL e conheça os órgãos da sua região a que pode recorrer. Não deixe de pedir sempre a nota fiscal ao abastecer e escolha sempre postos de confiança e de marcas conhecidas.

Enfim, o tempo é implacável…

De uma coisa, não temos dúvidas: o carro veterano coleciona histórias e caminhos, alguns não tão bons. Esse veículo é pontilhado de parafusos, buchas e fixadores que com o tempo afrouxam. Assim, a carroceria começa a parecer, no melhor sentido da palavra, uma escola de samba. De vez em quando, procure, com ferramentas adequadas, e mão de obra especializada, essas pecinhas que estão soltando e as substitua, ou as reaperte. Tenha certeza de que o conforto e, principalmente, a segurança não têm preço.

Marcellus Leitão é jornalista especializado em automóveis, já tendo atuado em importantes veículos de imprensa.

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