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‘Combustível batizado’: conheça os tipos mais comuns de adulteração e saiba como evitar cair em golpes ao abastecer

Publicado em 26/08/2022 por Marcellus Leitão

Já ouviu falar na expressão “gasolina batizada”?

Essa prática, que em nada tem a ver, diga-se de passagem, com o ritual de batismo praticado por muitas religiões, é ilegal e lesiva ao consumidor. Nada mais é do que adicionar ao combustível substâncias não permitidas, ou acima das quantidades previstas em lei.

Os efeitos dessa prática criminosa podem ir bem além do simples consumo excessivo, ou da perda de potência. Ela pode causar danos a componentes importantes e caros do veículo.

Os engasgos e falhas são os maiores sintomas sensíveis da adulteração no curto prazo. A longo prazo, danos na injeção e nas válvulas, com a possibilidade de quebra do motor. Os batismos também formam depósitos carbonizados no motor, contaminam o caro catalizador, provoca menor durabilidade das velas de ignição, deteriora o óleo lubrificante e entope os bicos injetores.

Além disso, danifica a boia do tanque; o corpo de borboleta, que promove a admissão de ar no motor; e a sonda lambda, encarregada de administrar a queima do motor, entre outros.

Em situações extremas, um reparo em um carro importado, por exemplo, pode passar dos R$ 4 mil.

Assista: Confira os prejuízos do combustível adulterado em seu carro. Assista!

Solventes, metanol e até querosene de lamparina

Entre as substâncias utilizadas para o “batismo” do combustível, em especial a gasolina, podemos citar a adição de querosene – aquele mesmo da lamparina -, solvente de borracha, metanol, etanol e, pasme, até água.

O solvente de borracha, com menor custo do que a gasolina, é acrescentado ao combustível, ficando quase imperceptível. Depois de meses, a degeneração de partes importantes do motor, que reagem a essa química, pode ser sentida com falhas e alto custo de reparação.

A prática de adicionar solvente ao combustível diminuiu a partir do momento em que a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) dirigiu sua lupa às importações deste produto. Hoje, com maior controle, ficou mais raro este tipo de batismo.

Entretanto, na falta de solvente de borracha, os fraudadores foram à busca de alternativas, como o querosene, que acaba sendo antieconômico. O querosene tem pouca diferença de preços em relação à gasolina.

O metanol também teve seu momento, a ponto de ser incluído nos controles da ANP. Quando os volumes de importação chamam a atenção, aparece a fiscalização. Combustível da Fórmula Indy nos EUA, o metanol é usado como base industrial do formol, de tintas, do biodiesel e até de perfumes, em pequenas doses, claro. Ele é incolor e com baixo aroma, assim, desaparece no meio da gasolina. Entretanto, é bom alertar que essa substância volta como alternativa de adulteração pela atratividade do preço mais baixo do que o etanol (apreensões recentes da ANP no interior de São Paulo mostram esse tipo de atividade).

E fica aqui o alerta: o metanol, que é derivado de madeiras, ou da cana de açúcar, é altamente tóxico, podendo levar à morte com a ingestão de 30 ml. Além disso, pode causar cegueira se o produto tiver contato com os olhos, entre outros itens críticos e nocivos desse tipo de substância. Assim, é também um problema de saúde pública.

Saiba mais: Metanol, veneno que pode estar escondido no tanque do seu carro. Confira nova arma da fiscalização e os riscos para saúde e meio ambiente.

Excesso de etanol na gasolina

Outra forma de roubar o consumidor está na adição de etanol à gasolina acima do que a legislação permite, sendo 27% para a gasolina comum e 25% para a premium. Com o advento dos carros de combustível flexível, esse tipo de fraude fica de difícil detecção na hora do abastecimento (veja seis testes que os postos têm obrigação de fazer). Na maior parte das vezes, o motorista só vai perceber o problema depois, ao ver o maior consumo do veículo.

Assista: especialista explica como identificar gasolina adulterada por excesso de etanol

 

Já a apelação suprema é a água, que pode ser adicionada ao etanol, fraude conhecida como “álcool molhado”, provocando queima inadequada, mais poluição, soluços e engasgos do motor. No etanol, esse batismo pode ser apurado ao observar aquele pequeno dispositivo que fica ao lado da bomba: o densímetro. Esse sistema aponta a água em excesso quando a marcação vermelha estiver acima da linha de nível do etanol.

Assista: Adulterar etanol ainda é comum nos dias de hoje? Especialista responde!

Saiba como não cair em cilada na hora de abastecer

Você viu que o dano causado ao seu veículo e ao bolso pode ser bem doloroso. Já publicamos aqui no site sobre como fugir do combustível batizado, mas coloco aqui embaixo algumas dicas simples que podem fazer a diferença na hora de abastecer e evitar comprar gato por lebre. Vamos a elas:

  • Em primeiro lugar, abasteça sempre em postos de sua confiança, de preferência, de marcas conhecidas. Não busque apenas o menor preço, pois isso pode colocar o seu veículo em risco. Saiba como evitar a cilada do preço baixo.
  • Peça a nota fiscal. Além de ser o seu único instrumento para denunciar um posto, você ajuda a reduzir a sonegação. Descubra porque é fundamental exigir a nota fiscal.
  • Adote o hábito de anotar a quilometragem sempre que abastecer. Publicamos aqui no site do ICL uma planilha dinâmica que o ajudará a identificar quando um combustível render menos no seu veículo.
  • Se optar por abastecer em postos sem bandeira, verifique se há uma identificação do fornecedor, pois é obrigatório informar a origem do produto comercializado na bomba. Caso desconfie, você tem o direito de pedir o teste de aferição do combustível no próprio posto. Para controle de adulteração, a bureta homologada, que afere o peso específico da gasolina, que é de 715 kg por metro cúbico a 20 graus celsius, é a mais eficiente.

Se ainda assim persistir a dúvida, faça uma denúncia à ANP pelo site www.anp.gov.br/faleconosco, ou ligue 0800 970 0267. O site do Instituto Combustível Legal também possui uma seção chamada Denuncie que facilita encontrar o órgão correto para fazer sua denúncia. Basta selecionar o tipo de problema encontrado e a sua região.

Um abraço e até a próxima!

Marcellus Leitão é jornalista especializado em automóveis, já tendo atuado em importantes veículos da imprensa nacional.

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