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‘Combustível Legal Entrevista’: como o coronavírus vem afetando o mercado de combustíveis na visão do diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE)

Publicado em 11/05/2020 por Alessandra de Paula

Em entrevista exclusiva ao site do Combustível Legal, Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), traça um panorama dos efeitos da pandemia do novo coronavírus no mercado de combustíveis, que já vinha sendo afetado pela queda do preço do petróleo. Com a COVID-19, o quadro piorou significativamente. De acordo com o especialista, essa é uma crise diferente, porque o consumo está caindo drasticamente, por conta do isolamento social. Com isso, tanto as refinarias quanto os distribuidores e a revenda estão sofrendo duras consequências, além do que, devido ao encolhimento das margens, esse cenário pode ser mais propício às fraudes contra o consumidor. Confira mais detalhes a seguir:

Combustível Legal: como o senhor vê o cenário de combustíveis perante a atual conjuntura da COVID-19?

Adriano Pires: turbinado pelo coronavírus, o mercado de combustíveis está enfrentando um momento como nunca houve na história, nem no Brasil, nem no mundo. A única maneira hoje de combater o vírus é por meio do isolamento. E o isolamento social reflete diretamente no comportamento do mercado de combustíveis. As pessoas não saem de casa, não viajam, andam menos de ônibus…

A novidade dessa crise é que você tem uma grande oferta de petróleo, com isso, os preços caíram drasticamente, mas o consumo também está caindo. Você está vendo o consumo de etanol e gasolina caindo quase 50%, querosene de aviação nem se fala, o que está caindo menos é o diesel, porque tem caminhão levando bens essenciais para as pessoas sobreviverem. No Brasil, há um caso excepcional, que é o GLP, cujo consumo está crescendo. Com o isolamento, as pessoas ficam mais dentro de casa e cozinham mais.

Combustível Legal: quais as dificuldades que o senhor vê nesse momento para a revenda e os produtores?

Adriano Pires: com a queda brutal do consumo, as refinarias estão processando menos carga. Temos aí estoques muito grandes, tanto de derivados de petróleo quanto de petróleo, com isso, há uma queda contínua de preços. A revenda está sofrendo, porque apesar do preço baixo, o consumo não está subindo, isso gera um problema de caixa nos postos revendedores. Muita gente fala que a gasolina caiu não sei quantos por cento… e na bomba não está caindo tanto, é lógico, porque o consumo caiu 50%, então a margem unitária não pode ser mexida dessa forma gigante, como muita gente aí que não conhece o setor está falando, porque, se não, o cara vai quebrar mais rápido ainda. A situação é complicada para todo mundo, para as refinarias, para as distribuidoras, porque na ponta caiu o consumo, e para os revendedores também.

Combustível Legal: diante da retomada da economia, o que podemos esperar?

Adriano Pires: Empresas mais alavancadas terão mais dificuldade em passar pela crise. Já empresas com maior liquidez terão mais facilidade. Isso também depende muito da duração da crise. Quanto mais longa ela for, mais gente vai ficar pelo caminho.

Combustível Legal: o mercado de combustíveis é afetado por problemas como fraudes e sonegação de tributos. A pandemia pode piorar esse quadro?

Adriano Pires: Quando as margens caem, como estão caindo agora, há um incentivo a sonegar mais ainda, e até adulterar combustível para poder ganhar margem da maneira errada. Antes da crise do coronavírus, a gente estava esperando que a reforma tributária pudesse ajudar a corrigir esses problemas, principalmente da sonegação. Mas a reforma tributária também foi adiada. Esse ano não tem chance de fazer a reforma tributária, é um ano perdido. Espero que no segundo semestre a gente comece a ter uma expectativa melhor da economia, e o consumo de combustíveis volte a crescer.

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