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Vale a pena recuperar veículo de enchente? Saiba quais partes são as mais afetadas em carros e motos que enfrentam alagamentos

Publicado em 14/06/2024 por Marcellus Leitão

A água pode ser a origem da vida, mas também a de uma grande dor de cabeça quando o assunto diz respeito ao alagamento dos grandes centros urbanos. Em uma época na qual se tem falado, e testemunhado, os efeitos significativos das mudanças climáticas, redobrar os cuidados em casos de inundações nas cidades é de fundamental importância. Lembre-se de que com a natureza não se brinca e que quase nada consegue desviar o caminho das águas.

Um exemplo muito recente foi o ocorrido no Rio Grande do Sul, onde as fortes chuvas causaram inundações com danos incalculáveis, além de dor e sofrimento ao povo gaúcho. Estima-se que 220 mil veículos ficaram alagados e que a maior seguradora local tenha um prejuízo de cerca de um bilhão de reais. Quem passou pela experiência de ter um veículo afetado por inundação sabe que o prejuízo é grande, muitas vezes com perda total. Nesses casos, é essencial botar na ponta do lápis se realmente vale, ou não, recuperar o bem. Leia com atenção as linhas a seguir e confira como prosseguir em diferentes situações.

Veículo com seguro e sem seguro

Se o seu veículo for segurado, ele provavelmente vai receber o diagnóstico de perda total e a seguradora assumirá o ônus de repor o bem. Mas a fila e a espera são proporcionais à tragédia. Paciência e fé. Se não for protegido, avalie atentamente os danos com um profissional capacitado, porque fica caro e sem garantia de resultados, pois será exigida uma desmontagem total. A questão envolve partes mecânicas e toda a elétrica, sem falar em estofamentos e forrações.

Cuidados com o motor

Primeiro, é importante saber se o carro, ou moto, estava funcionando na hora da enchente. Em caso positivo, pode ter sofrido o calço hidráulico, que é a penetração de água nos cilindros, com quebra devastadora do motor. Se ele estava parado, um pouco menos mal. Digo um pouco, pois vários relés e sistemas elétricos estavam ativos e entraram em curto circuito. Mas depois falamos da elétrica.

O motor permite a entrada de água e lama através de seus sistemas de tomadas de ar, descarga e respiros. Dessa forma, o óleo e a água contaminada localizados no cárter devem ser retirados e descartados corretamente. Depois disso, é preciso aplicar pressão de água para limpeza, com secagem e lubrificação localizada (utilizando uma oleadeira) em eixos, mancais e comando de válvulas. Todos os fluidos devem ser retirados do radiador, sistema de freios e caixa de marchas. A lavagem também deve ser repetida nessas partes.

A água penetra em tudo, por isso, o corpo de borboletas, responsável pela entrada de ar no motor, deve ser retirado, conferido e limpo. Depois lubrificado. Acessos da injeção eletrônica de mistura também.

Freio, direção e tanque de combustível também são afetados

Saiba que os freios também devem ser desmontados e limpos. A direção hidráulica idem. Os fluidos hidráulicos são altamente higroscópicos, ou seja, misturam com a água. Os amortecedores são selados e aceitam limpeza externa, mas os rolamentos de roda, não. Depois de dias, podem vir a travar nas primeiras voltas, o que é muito perigoso.

Como os demais fluidos, a gasolina deve ser drenada e descartada criteriosamente. O tanque aberto e lavado, assim como a bomba, que pode estar queimada e pede revisão. A linha de combustível deve ser toda limpa e todos os filtros substituídos. O sistema de ar condicionado deve ser retirado e avaliado.

Beleza interior

O interior do veículo é um caso à parte que merece também total atenção. Bancos, forrações de teto e portas têm que sair. Podem ser avaliados, lavados e higienizados e devem ser bem secos. Idem para porta-malas e cavidades do monobloco, além do interior das portas e caixas de ar.

A bronca na elétrica

Muitos carros “de enchente” ganham a alcunha “perda total” após a água atingir a base do painel de instrumentos, o que provoca uma cadeia de eventos muito caros para se resolver. Bornes, fusíveis e cabos queimam com a bateria ainda ativa. Esta também se perde. Relés e central de injeção devem ser conferidos diante da possibilidade de apresentarem defeitos futuros. A iluminação deve ser limpa, seca e remontada.

Nas motos

Nas duas rodas, o reparo básico é parecido, mas há particularidades. A caixa de marchas, que funciona no mesmo cárter de óleo do motor, tem que ser desmontada.  Amortecedores são selados, sim, mas qualquer dano nos isolamentos de borracha pode significar sua troca. Por segurança, os rolamentos devem ser substituídos.

Veteranos

Se você tem um carro de coleção, daqueles placa preta, tudo vale a pena para resgatar o pedaço da história que eles representam. O conserto pode ser mais lento e parcimonioso, e a tensa eletrônica não é tão intensa. Eles merecem a tentativa.

Idosos

Se for proprietário de um antigo Uno, ou Gol, vale tentar recuperá-lo, sempre tendo em mente os custos e que cada caso é um caso. Papel, lápis e muitas conversas e contas podem definir sua questão.

Agora, independente da marca, modelo, ou raridade, mais importante do que o bem material é a nossa segurança. Em outro artigo, eu abordo justamente como se proteger em caso de enchentes e alagamentos. Tenha em mente que arriscar atravessar uma situação de perigo nunca é a melhor opção. Mantenha-se em um local seguro, mesmo que isso tome muito tempo. Essa será sempre a melhor decisão a ser tomada!

Marcellus Leitão é jornalista especializado em automóveis, já tendo atuado em importantes veículos de imprensa.

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