Delegado da Receita Federal revela rota do crime do contrabando de combustível da Argentina para o Brasil
Publicado em 11/04/2022 por Alessandra de PaulaA Receita Federal está apertando o cerco contra os bandidos que atuam no mercado de combustíveis, principalmente nas regiões que fazem fronteira com a Argentina. Mark Tollemache, auditor fiscal e delegado da Receita Federal em Dionísio Cerqueira, município de Santa Catarina, revela, em entrevista exclusiva ao site do Instituto Combustível Legal (ICL), que o número de apreensões aumentou cerca de 1.400%, se comparado a 2021:
“Dionísio Cerqueira fica na divisa entre Paraná, Santa Catarina e Argentina. É uma fronteira seca, só tem um pequeno riacho, onde colocam palafitas em cima e movimentam grande quantidade de combustível”, aponta o delegado.
Ele destaca que há dois tipos de contrabando praticados na região: um deles, chamado de ‘formiguinha’ (foto), consiste no transporte de combustível em pequenos galões, incluindo gasolina e diesel da Argentina para o Brasil. Outra forma de contrabando é a protagonizada pelas grandes quadrilhas, que possuem postos de gasolina de fachada, com caminhões-tanque de grande capacidade, que também transportam o produto da Argentina para o Brasil, com distribuição para Paraná, Santa Catarina e até São Paulo.
Apreensões de combustível na região de fronteira
Tollemache conta que, em março deste ano, foram feitas duas grandes apreensões de combustível na região de fronteira: uma de um caminhão com 17 mil litros de combustível e outra de um caminhão e uma carreta, somando 52 mil litros.
Devido à diferença significativa de preços entre os combustíveis argentinos e brasileiros, a Receita Federal tem se deparado cada vez mais com a atuação de criminosos que tentam introduzir gasolina e óleo diesel no território nacional. Além de muitas vezes transportarem combustíveis em recipientes inadequados, com risco de acidentes graves, não se tem controle sobre a qualidade e origem do produto contrabandeado.
Segundo a Receita Federal, no caso da apreensão de 52 mil litros de combustível, além de não ter nenhum documento comprovando a legalidade da carga, um dos condutores informou que teriam sido pagos R$ 4,00 por litro de combustível,. Com a média do preço do diesel em R$ 5,60 nos postos brasileiros, os compradores poderiam ter um lucro de 40% sobre o produto adquirido ilegalmente. Os motoristas não informaram para onde iria a carga, dizendo que seriam informados do destino final durante o trajeto.
Receita Federal em parceira com Instituto Combustível Legal
Tollemache ressalta a importância do apoio do Instituto Combustível Legal no combate aos crimes no setor:
“Além do apoio tradicional, no que diz respeito à coleta de amostras, custódia de combustível, informações de mercado…, o ICL também nos ajudou no transporte dos 17 mil litros de combustível, porque o caminhão apreendido estava quebrado, e o ICL nos forneceu outro. Assim, conseguimos fazer a remoção do produto, minimizando os impactos ao meio ambiente. Agradecemos muito ao ICL. Essa parceria começou em 2019 e está dando muito resultado”, completou.
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