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Com seca no Rio Amazonas, embarcações ficam mais vulneráveis ao ataque de piratas, afirma presidente do Sindarma

Publicado em 31/10/2023 por Alessandra de Paula

A seca histórica que atinge o Norte do país está afetando a navegação no Rio Amazonas e o abastecimento de combustível em diferentes localidades. Se já não bastasse esse cenário, a forte estiagem pode vir a piorar outro problema grave na região: a pirataria nos rios.  De acordo com Galdino Alencar Junior, presidente do Sindicato das Empresas de Navegação Fluvial no Estado do Amazonas (Sindarma), como as embarcações precisam parar durante à noite, já que o rio não está navegável, elas viram alvo fácil para os criminosos:

“Tivemos casos de embarcações que foram assaltadas à noite, enquanto aguardavam para voltar a navegar durante o dia. A seca é um agravante, a gente fica mais vulnerável. Em contrapartida, estamos reforçando a escolta armada, que tem respondido à altura. O número de tentativas de ataque de piratas está aumentando, mas não os assaltos em si”, explicou.

Dados do Instituto Combustível Legal (ICL) apontam que nos primeiros seis meses deste ano, piratas do rio já roubaram cerca de 400 mil litros, o que resultaria em aproximadamente R$ 3 milhões em combustíveis e derivados de petróleo de embarcações. E para combater esse problema, o presidente do sindicato pede ações mais assertivas das autoridades:

“Nós gostaríamos que o Governo colocasse bases flutuantes nas áreas vermelhas, pois nós sabemos onde ocorrem os assaltos. Essas áreas mapeadas têm que ter uma base policial, com lancha rápida para dar suporte. Atualmente, existe a base Arpão, no município de Coari, e a base itinerante Tiradentes, no município de Barcelos. Enquanto não fizerem mais bases, ficaremos à mercê deles. Precisamos que essas bases sejam instaladas de imediato. Outro sonho é a criação da Polícia Hidroviária Federal, um braço da Polícia Rodoviária Federal, que ajudaria a combater esses atos de pirataria”, frisou.

Receptadores de combustível roubado atuam no Amazonas

Galdino alerta que é preciso ir além dos piratas que roubam combustível, e investigar quem fomenta o crime: os chamados receptadores, que compram o produto roubado. Para isso, seria necessária, segundo ele, a atuação da Secretaria de Fazenda para fiscalizar, no interior, onde existem postos fluviais com combustível, mas sem nota fiscal de origem:

“Inclusive, o produto muitas vezes é armazenado de forma proibida pela ANP, mas quem vai fiscalizar isso aí? Nós gostaríamos que a Secretaria da Fazenda participasse das ações e fosse a esses locais exigir a nota fiscal. Por exemplo, se você pegar hoje uma lancha a jato e for ao município de Manicoré, no Rio Madeira, que é metade da viagem para Porto Velho, você vai ver nas árvores placas dizendo: ‘Vende-se gasolina’. De onde é esse produto? É fruto de roubo! Isso não está sendo combatido. As pessoas ficam à vontade para roubar, botar placa para vender o produto e não tem fiscalização nenhuma”, desabafou.

O combustível roubado fomenta outras ações criminosas

O presidente do Sindarma fez, ainda, graves denúncias sobre o uso do combustível roubado:

“Grande parte do roubo vai para o garimpo ilegal, vai fomentar prostituição infantil, tráfico de drogas… Existe o roubo de combustível feito da balsa, que é o produto da distribuidora, e existe o roubo de combustível dos rebocadores, que a gente compra para o rebocador ir funcionando do trecho tal ao trecho tal. E são volumes grandes de combustível. Por exemplo, se vai de Manaus a Porto Velho, são necessários 50 mil litros de diesel. Muitas vezes, a tripulação está conivente, tira 5 mil litros, 10 mil litros e vende”, revelou.

Galdino alertou que, caso não haja ações efetivas das autoridades, problemas ainda mais graves podem acontecer:

“Os piratas ameaçam explodir balsas quando tem muita retaliação. No dia que explodir balsa, e os holofotes do mundo se voltarem para cá, vão ver a realidade do Amazonas”, completou.

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