‘Máfia’ do crime avança no Rio de Janeiro nos setores de combustíveis e internet
Publicado em 27/05/2025 por Alessandra de Paula
Investigações apontam que o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV) mantêm um pacto estratégico em relação às atuações de cada grupo no que diz respeito a combustíveis e internet. Enquanto a organização paulista expandiu sua atuação para o Rio de Janeiro, com a exploração ilegal de combustíveis, os traficantes fluminenses agem no monopólio do serviço de internet, criando suas próprias empresas em nomes de “laranjas”, de acordo com reportagem do jornal O GLOBO.
Para o secretário Nacional de Segurança Pública, Mario Sarrubbo, as facções se tornaram verdadeiras máfias:
“Já classificamos essas grandes facções não mais como mero crime organizado. Elas já são máfias pelas características que apresentam. Essa consciência é importantíssima. A única resposta que o Estado brasileiro pode dar é se organizando. E é o que estamos fazendo”, garantiu Sarrubbo em entrevista ao jornal.
Emerson Kapaz, presidente do Instituto Combustível Legal (ICL), alertou sobre o avanço do crime em vários setores dos combustíveis:
“As organizações criminosas se especializaram e atuam em todos os elos da cadeia. Vão do poço ao posto: furtam petróleo dos dutos, cometem fraudes fiscais, adulteram o produto e ainda lesam o consumidor na bomba. No país, o rombo anual com a sonegação de impostos é de R$ 14 bilhões”, destacou em entrevista ao O Globo.
PEC da Segurança Pública
Para coibir o avanço das organizações criminosas, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da Segurança Pública foi entregue pelo presidente Lula aos presidentes do Senado, Davi Alcolumbre, e da Câmara, Hugo Motta na quarta-feira (23). De acordo com a iniciativa, as polícias das três esferas passariam a trabalhar de maneira integrada no combate ao crime organizado.
Segundo destacou à reportagem o secretário de Segurança Pública do Rio, Victor Santos, os criminosos acharam uma maneira de lucrar sem correr riscos.
“Como a exploração do combustível é a maneira de o PCC auferir lucro em São Paulo e, agora, no Rio, o CV elegeu a internet como o seu atrativo número um. Então, tem que explorar serviços que deem lucro, e todo mundo precisa. É um dinheiro sem esforço. Se tem operação na favela, não tem venda de droga, então dá prejuízo para eles. Mas a internet continua funcionando e, o pior, com aparência de negócio lícito”, contou Santos.
Negócios ilegais no setor de combustíveis lucram quase R$ 62 bilhões
Recentemente, a Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados (DDSD), responsável pelas investigações envolvendo crimes no setor de combustíveis, interditou dois postos sem licença da Agência Nacional do Petróleo e que vendiam combustível adulterado. O delegado Pedro Brasil suspeita que os postos pertençam ao PCC e sejam usados para lavagem de dinheiro:
“O PCC pratica crimes ligados ao abastecimento de combustível há muito tempo em São Paulo. Desde o ano passado, investigamos a atuação deles no Rio. Muitas transações são feitas em espécie, para lavar o dinheiro do tráfico de drogas e armas”, afirmou, em entrevista ao jornal
Relatório divulgado recentemente pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) aponta que o setor de combustíveis é um alvo preferencial do crime organizado. Em 2024, o faturamento foi de R$ 61,5 bilhões, ou 41,8% da receita das organizações criminosas. Por ano, são comercializados ilegalmente 13 bilhões de litros de combustíveis.
Saiba mais:
https://oglobo.globo.com/rio/noticia/2025/04/24/no-rio-cv-e-pcc-fazem-acordo-e-avancam-para-os-mercados-de-internet-e-combustivel.ghtml (Para assinantes)
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